terça-feira, 21 de julho de 2015

40 anos depois!

Ouça seu coração! Remexa em suas lembranças! Lá pode estar as indicações do caminho que tanto busca seguir.

Carreguei comigo algumas lembranças e por muito tempo me perguntava porque não as havia esquecido. Porque as carregava. Lembro que eram muito pesadas, mas mesmo assim transportava comigo para onde quer que eu fosse. Os anos se passaram e algumas foram se desprendendo pela jornada, a maioria pelo menos.

Acredite! Ouça seu coração e desprenda suas lembranças. Dizem que isto é amadurecer. A alma fica mais leve, os pensamentos começam a ir mais longe e a mente envia uma mensagem ao corpo: "sorria, isto não vale uma lágrima rolada". Mas amadurecer mesmo é quando seus lábios obedecem e seus os olhos brilham. Este é o sinal. E se você gargalhar, acredite, você cresceu!

Vejo pessoas carregando bolas de ferro, arrastando correntes amarradas aos pés. Se cansam, mas não se libertam. Repetem e repetem para si as reminiscências de um tempo que não lhe pertencem mais, e que a cada recorrência, se tornam mais pesadas e mais tristes.

Vejo pessoas que, com as pedras que encontra no caminho, constrói um muro, transformando em lamúria o desafio de alcançar a felicidade. "Muros são mais fáceis do que construir que escadas", diriam elas.

Também vejo pessoas que não se apegam a nada, não carregam nada e dispensam a bagagem da vida pois colhem da vida apenas o momento, o agora.  Mas, e quando o momento se desmorona e o que se encontra no caminho é um buraco, um vazio?

Como são suas lembranças: pesadas  bolas de ferro ou leves e coloridos balões? 

Caminho com algumas lembranças, pois são elas que norteiam meu caminho. E como em um mapa, observo as passagens que já atravessei, as pedras que desviei e os abismos que já contornei. Sim, algumas são minhas guias. Indicam por onde ir e onde chegar.

Mas no meu caminha tinha uma pesada lembrança. E estava entalhada na minha memória. Era a lembrança apagada de um papel. Porque me lembrava das palavras apagadas e não me lembrava das frases escritas? Por que o que foi apagado me falou mais alto? Porque se tornaram para mim a verdade nunca dita. Escrita a lápis, tornou o traço da minha própria personalidade.

Aquelas palavras, apagadas, se fizeram presentes, escrituras de cada fase da minha vida. Mas também foram as respostas que sempre procurei... o que quero ser quando crescer. O que eu queria ser, exatamente eu não sabia. Mas sabia o que não queria ser: aquelas palavras apagadas. É, mas a vida é tão sábia, nosso inconsciente tão consciente, que aquilo que machuca, maltrata, vira arma, armadura da nossa própria existência. 

E depois de 40 anos, relembrando o passado, reencontrando pessoas, bit a bit, que as palavras voltaram, carregadas pelas gargalhadas. E foi quando percebi, que aquelas palavras, apagadas, transformaram o meu presente.  Perseguiram-me, não permitindo que eu olhasse no espelho e me visse feia, palavra apagada do papel e também, do meu reflexo. E o que ensino a todos que me procuram é que, nascer bonita é genética, estar bonita é escolha. 

Mara Débora

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