segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Caminhos, atalhos e dúvidas


A vida é cheia caminhos. Mas muito mais, são os atalhos que nos são apresentados. E como saber se devemos pegá-los ou não. Como saber se nos levarão ou não direto para o final da nossa caminhada. E será que queremos mesmo ir para o final da nossa caminhada?

Em uma viagem, o caminho, do início ao fim, já é a própria viagem. Observar cada ponto, cada parada. Capturar cada instante, aproveitar cada olhar, olhar intensamente para o momento.

Não seria o mesmo para os caminhos da nossa vida. Porque então pegar um atalho. Porque desejamos tanto chegar lá. Nem ao menos sabemos onde é lá. Sim, temos que ter um "lá" para chamar de nosso e querer alcançar. No entanto, quando chegamos, olhamos para trás e nos fazemos a seguinte pergunta: O que eu fiz até chegar aqui? Valeu a pena? Como será daqui adiante?

A vida é assim, caminhos, atalhos e dúvidas. Precisamos, a todo tempo, definir o que fazer, seguir no caminho ou buscar um atalho. E, mesmo em dúvida, seguir. A dúvida sim, é sempre nossa velha companheira. "E se tivesse escolhido outro caminho?" "E se tivesse encurtado este caminho?" "E se?". Depois de chegar, não há como voltar atrás. Podemos sim, continuar, por outro caminho.

E o atalho?  Atalhar pode significar ascender a experiência, pernear um sofrimento, transpor o conhecimento. Será que, ao chegar mais rápido, ou pular uma etapa, ou encurtar o caminho conseguiremos chegar por inteiros, plenos? Contudo, somente saberemos ao chegar, e talvez precisaremos voltar ao início e começar, de novo, o caminho.

Mas temos mesmo que escolher? Não podemos só seguir? Deixar que o vento nos empurre, e sussurre "Váaaaaaa... váaaaaa". Correr para molhar nossos pés e seguir o caminho indicado pelo barulho das águas: "É por ali... por ali...". Adentrar pelas matas que se curvam e abrem passagens com seus galhos vozeando "Bem vindo... bem vindo".

Ah! O caminho dos caminhantes. A vida vivida nos convida! Porque cerrei meus ouvidos, fechei meus olhos e emudeci minhas palavras? Muitos caminhos se abriram, mas só um consegui seguir: o caminho da minha vida.

Sigo ainda em dúvida. Onde meu caminho vai dar, eu não sei, mas sigo contemplando e contemplada, enobrecida e encantada. Aprendendo e ensinando a caminhar e amar, não o caminho escolhido, mas cada passo dirigido.

Para quem já tem seu destino de chegada, se alegra ao final da jornada. Enquanto eu, sem destino, alegro a minha caminhada.

Texto Mara Débora.

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